Talvez Eu Nem Te Ame

talvez eu nem te ame.
talvez seja vício.
uma forma infame
de um desperdício

de tempo,
de vida,
de amor.

talvez seja só o início,
o primeiro passo
pro hospício.
ou o último
antes
do precipício.

talvez eu nem te ame.
e toda essa febre que eu sinto,
essa insônia
sem parcimônia
de toda noite,
ou essa adrenalina,
sejam apenas a falta de alguma
vitamina.

deve ser isso.

porque não é possível
que eu consiga sentir
o que eu sinto que sinto.

não deve ser amor.
deve ser a parede espelhada
de um labirinto
que me engana.
que me confunde.

porque por mais que eu me inunde
com o melhor vinho
é em ti que eu penso
quando fico sozinho.

talvez eu nem te ame.

às vezes, acontece…
o querer bem, sem fim,
não é o que parece.

o carinho, o desejo,
e a vontade que não passa
de te ter por perto
é armadilha no meu peito,
que esqueci aberto,
e acabou sendo invadido
por um sentimento
bonito
que eu não conhecia.

talvez eu nem te ame.

e dizer que te amo
seja minha grande inverdade.

e não adianta eu pensar que essa saudade
que transborda, em versos, sem freio
porque é maior que o mundo e que a eternidade
seja algo além de um devaneio.

quase sentir o gosto dos teus lábios
de tanto imaginar os teus beijos,
não quer dizer nada.
é apenas mais um tropeço,
um mal do qual padeço,
da minha alma enganada.

talvez eu nem te ame…

ou, ainda talvez, eu esteja enganado
e o que eu sinto é sintoma
de um amor que me toma
em perfeita euforia
e me faz, cada dia,
bem mais apaixonado.

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o Marcelo Almeida

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