Meus Poetas

A me proteger da tua
Indelicada frieza,
E inexplicável escassez
De caráter,
Apenas o exército de poetas
De versos,
Diversos,
Contundentes,
Estrondosos,
Que invoco, em apuros.

Quando a solidão,
Cruel carrasco,
Me enforca,
Salvam-me as palavras
De Garcia Lorca,
Que traz consigo sempre
A inestimável ajuda
De seu amigo de língua,
Pablo Neruda.

Cecília Meireles, meu escudo,
Contra teu ódio, indiferença,
Quase tudo,
Não abandona a luta.
É guerreira,
Como os heróis de trincheira,
Mário de Andrade
E Bandeira.

E o que seria de mim
Sem Fernando Pessoa
Que, às vezes disfarçado,
É incansável, é valente,
Ao meu lado.
Se desprezado,
Quase sucumbo ao ataque,
Mas rogo,
Pela força de Bilac,
Que não foge
À mais violenta
Das batalhas.

Quando a tristeza é
Mais forte
E, já beirando a morte,
Rendo-me e
Sinto saudade,
Curam-me os poemas
De Carlos Drummond de Andrade.

Sá-Carneiro, amigo,
Tantas vezes abrigo
Do perene perigo
Da sala vazia.
Do calor que nos unia,
Perigosos resquícios…
Prontamente eliminados,
Por Vinícius.
De Shakespeare, os sonetos,
Poderosos amuletos,
Para a guerra
Pela vida.
Injusta vida
Longe de ti.

Estilhaços de dúvidas e a incerteza,
Se invadem a fortaleza
Em que me escondo,
Num ato hediondo,
Levam-me ao chão.
Febril, não mantenho o controle
Da mente
Novamente
Insana
Mas guia-me ao meu leito,
Mário Quintana.
Hosana!
O breve murmúrio
De um homem
De luto,
Cansado da luta.
Quem escuta?
Quem ampara esse
Pobre poeta que já nem sabe o que quer?
Manoel de Barros, Gonçalves Dias
E Charles Baudelaire!

Vivo, assim, eu, pois, melhor que ti!
O poeta por mais que sofra, sorri!
Tu, com teu silêncio
Inescrupuloso,
Orgulhoso,
Teimoso,
Desastroso,
Viras cárcere,
Condenada por Camões,
Que te leva aos porões.
Menotti Del Picchia te tranca,
Bocage insulta,
E Florbela espanca!

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o Marcelo Almeida

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