Pobre lua
Que se deita, insone, nua,
Em seu leito, ao léu, na rua
Esperando a alvorada
Desesperada,
Coitada.
Quase apagada,
Não é mais que uma vela
E ainda assim revela,
Quando reflete na poça
O poeta e a moça,
A musa,
Que recusa
Viver o amor tão bonito
Que jamais fora escrito
Pelo poeta,
Aflito
Ao ver nos olhos da moça
Uma poça:
Lágrimas de orgulho
E, num mergulho,
O poeta tenta a sorte,
Escapa, por pouco, da morte
Afogado,
Minguante como a lua,
Pobre lua
Que, insone, deita nua
Sobre o poeta. Na rua.