Ah! Eu preciso abrir a janela
Eu preciso ver o sol
Eu quero acabar com essa profana agonia
De todo santo dia
Desde o dia em que você foi embora
Desde aquela hora,
Eu me calei
Todo esse tempo
Mudando e mudo
Em todo esse tempo eu só escuto
Caetano
Calado, como um velho sábio monge
Tibetano
Vendo a minha desbotada eloqüência
Deixar nascer uma bem-vinda paciência
Vendo o meu orgulho imenso
Queimar como um incenso
Que impregnou o ar com um perfume de baunilha
E nostalgia,
Poderosa amônia,
A despertar minha indiscreta insônia
Que, ontem à noite, sem eu perguntar, me disse
Que é vazia e inútil
Minha metamorfose,
Se o amor foge
Pra longe,
Pra onde
Você não vê.
Por isso hoje eu abro a janela,
Fujo desse estéril castigo
Que, errado, julguei ser o meu abrigo
E para cada um que passa eu digo
Como se fosse o meu melhor amigo
Que eu amo você,
Que agora eu já entendi
E eu te quero aqui.